Geopolítica da Rússia

A postura geopolítica da Rússia é marcada pela sua posição de reafirmação após a queda do Muro de Berlim.

A Rússia vem adotando uma postura geopolítica cada vez mais agressiva
A Rússia vem adotando uma postura geopolítica cada vez mais agressiva

A Geopolítica da Rússia, no contexto da Nova Ordem Mundial, vem exercendo um papel de destaque, fato que se deve à sua herança da extinta União Soviética, tornando-se após a queda do Muro de Berlim a segunda maior potência militar e nuclear do planeta. Esse fator corrobora para transformar os russos em importantes atores no cenário da estratégia territorial mundial.

A primeira e principal preocupação da Rússia no cenário geopolítico foi consolidar a sua influência e supremacia na região composta pelas ex-repúblicas soviéticas. A princípio, essa tarefa foi cumprida com a criação da CEI (Comunidade dos Estados Independentes), apesar de Letônia, Estônia e Lituânia não terem aderido ao bloco e da Geórgia dele ter se retirado posteriormente.

A integração russa na região dos países da CEI deve-se, principalmente, à interligação complexa das economias desses países, que construíram suas infraestruturas durante o período de existência da URSS, tornando-os interdependentes. Alguns deles dependem do fornecimento de energia dos outros, que estão vinculados às suas indústrias de base para produzirem. Tal configuração, associada ao elevado poder de pressão da Rússia, tornou esse país o principal ator na região.

No plano das relações políticas da Rússia, destaca-se a sua entrada na OTAN (Organização do tratado do Atlântico Norte), que rivalizava com o antigo Pacto de Varsóvia, acordo militar dos países que compunham o mundo socialista. Outro ponto importante é a sua presença no Conselho de Segurança da ONU, na vaga antigamente ocupada pela União Soviética, estando ao lado de China, Estados Unidos, França e Reino Unido no principal centro de tomadas de decisões internacionais.

Além dessas duas instâncias, a Rússia também integra atualmente o G-8. Aliás, o fato de estar presente nesse grupo já é, por si só, uma demonstração de poder. Afinal, a sigla designa o grupo dos sete países mais ricos do mundo, somados aos russos, que não possuem um grande Produto Interno Bruto, mas que compõem esse agrupamento em razão de sua potência militar e, principalmente, nuclear.

Muito embora a Rússia tenha acertado vários acordos comerciais e políticos com os Estados Unidos, incluindo pactos de redução de seus armamentos nucleares, a oposição entre ambos os países ainda permanece, fato que se estende a outros países do mundo ocidental. O principal ponto de choque entre essas duas potências encontra-se na política de alianças do Kremlin, que mantém estreitas relações com o Irã, Síria, Venezuela e Coreia do Norte, os maiores rivais dos norte-americanos na conjuntura atual.

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Recentemente, uma das questões ficou latente no plano estratégico. Os Estados Unidos, diante dos conflitos internos que se instalaram na Síria, ameaçaram invadir o país para resolver a questão, interessados em derrubar o regime de Bashar Al-Assad no país. Os russos, como aliados do governo sírio, opuseram-se e vetaram todas as tentativas na ONU de uma aprovação de intervenção militar norte-americana, fazendo com que os EUA recuassem.

Vale lembrar também o caso envolvendo o ex-agente da Agência Nacional de Segurança, Edward Snowden, que denunciou todo um esquema de espionagem operado pelo governo americano. Os russos, mesmo diante de uma fortíssima pressão estadunidense, ofereceu asilo político ao ex-espião, que ainda reside em seu território, fato que desagradou profundamente a Casa Branca.

Mas o mais evidente caso que colocou em evidência mundial as rivalidades entre estadunidenses e russos foi a disputa pela influência na Ucrânia. Primeiramente, essa questão envolvia a disputa entre Rússia e União Europeia no país, quando os ucranianos refugaram em assinar um acordo comercial com o bloco europeu em função da pressão exercida pelo Kremlin. Depois disso, o golpe de Estado proclamado pela direita ucraniana, que mantém fortes relações com os europeus, fez com que a Rússia invadisse a Crimeia, região da Ucrânia que possui fortes laços russófonos.

Nesse momento, os Estados Unidos ergueram-se e iniciaram uma série de represálias no campo político, diplomático e comercial, o que não impediu a Rússia de seguir com a sua estratégia, o que vem elevando uma tensão que é herança das disputas históricas do tempo da Guerra Fria.

Os presidentes Barack Obama (EUA) e Vladmir Putin (Rússia) durante reunião do G-8
Os presidentes Barack Obama (EUA) e Vladmir Putin (Rússia) durante reunião do G-8

Portanto, ao considerarmos esses fatores ligados à Geopolítica da Rússia, percebemos que, mesmo com o mundo bipolar tendo se diluído no final dos anos 1980, a conjuntura atual ainda guarda os resquícios dessas disputas.

Por: Rodolfo F. Alves Pena

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