Conflitos entre Israel e Palestina

Os conflitos entre Israel e Palestina se estendem desde a década de 1940 e são motivados essencialmente pela disputa em torno do território palestino. Essa disputa se iniciou por meio da migração de milhares de judeus para a Palestina, então povoada por árabes. Ao longo do século XX e XXI, diferentes conflitos aconteceram na região.

Acesse também: Um resumo das principais guerras travadas por árabes e israelenses no século XX

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Quais são as causas dos conflitos entre Israel e Palestina?

Conforme veremos, ao longo do século XX, diferentes conflitos entre israelenses e palestinos aconteceram. Cada um deles teve motivações específicas aos seus contextos, mas, de forma geral, a razão é a disputa travada pelo controle da Palestina.

Os conflitos entre Israel e Palestina se iniciaram na década de 1940. Disputam-se o controle da Palestina e a criação do Estado da Palestina.
Os conflitos entre Israel e Palestina se iniciaram na década de 1940. Disputam-se o controle da Palestina e a criação do Estado da Palestina.

Atualmente os palestinos lutam pelo reconhecimento de sua nação, o Estado da Palestina, que não existe oficialmente. Além disso, eles lutam contra os assentamentos israelenses em seus territórios, sobretudo na Cisjordânia, e procuram ter melhores condições de vida, uma vez que muitos são obrigados a viver em condições muito ruins.

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Sionismo

O conflito entre palestinos e israelenses começou a ganhar forma no final do século XIX. Nesse período, a Palestina pertencia ao Império Otomano e a região era majoritariamente ocupada por árabes muçulmanos. Além disso, a região também possuía uma minoria de judeus e palestinos cristãos, que viviam em harmonia.

Essa situação começou a se modificar com o surgimento de um movimento conhecido como sionismo. O movimento sionista começou a ser difundido na Europa pelo jornalista húngaro Theodor Herzl, que defendeu essa ideologia por meio de um livro chamado O Estado Judeu, publicado no ano de 1896.

O movimento sionista basicamente defendia que os judeus deveriam retornar a sua terra original, a Palestina, e lá deveriam fundar um Estado judeu. Essa ideia ganhou força entre os judeus da Europa como uma resposta ao antissemitismo, que crescia em todo o continente. Com isso, os sionistas começaram a se organizar e a comprar terras na Palestina.

Acesse também: Mossad, o serviço secreto dos israelenses

Fundação do Estado de Israel

Ao longo das primeiras décadas do século XX, a quantidade de judeus que residiam na Palestina começou a crescer em um ritmo rápido. O crescimento da população judia pode ser expresso em números:

  • 1917: 56.000 judeus residiam na Palestina;
  • 1931: 174.600 judeus residiam na Palestina.

O aumento da população judia logo fez com que surgissem atritos com a população palestina, temerosa de perder o controle sobre sua terra. Esse temor aumentava porque, desde a década de 1920, os judeus tinham recebido uma promessa, feita pelo Reino Unido e pela Liga das Nações, de que um Estado judaico seria criado.

Os palestinos passaram a exigir a criação de um Estado para a população árabe e esse conflito de interesses entre judeus e árabes resultou em violência. No contexto da Segunda Guerra Mundial, a situação se transformou radicalmente, pois o genocídio de judeus na Europa criou as condições políticas para que o Estado judeu na Palestina fosse viabilizado.

A violência aumentou, e o Reino Unido, a nação que possuía o mandato da Palestina, entregou a questão para a Organização das Nações Unidas. Em Assembleia Geral da ONU, foi decidido pela criação de dois estados na Palestina, assim a região seria dividida entre árabes e judeus. A proposta da ONU foi a seguinte|1|:

  • Israel possuiria 53,5% da região;
  • Palestina possuiria 45,4% da região;
  • A cidade de Jerusalém, requerida pelos dois, ficaria sob controle internacional.

A Organização Sionista Mundial, responsável pela migração de judeus para a Palestina, aceitou, mas os países árabes não concordaram com a divisão. O fator que explica a rejeição árabe é o fato de que os palestinos eram a maioria da população, mas ficariam com uma parcela menor das terras. Além disso, alegou-se na época que os palestinos tinham ficado com as terras menos férteis e com acesso à água limitado.

Conflitos árabe-israelenses

A tensão aumentou consideravelmente entre 1947 e 1948. Nesse último ano, os britânicos retiraram-se da região e logo os judeus organizaram a fundação do Estado de Israel, evento que aconteceu em 14 de maio de 1948. Esse fato desagradou às nações árabes e logo o primeiro de uma série de conflitos se iniciou.

Esse conflito foi a Primeira Guerra Árabe-Israelense, que se estendeu de 1948 a 1949 e teve como desfecho uma grande derrota para as nações árabes (Egito, Síria, Líbano, Iraque e Transjordânia) que lutaram contra Israel. O Estado judeu conseguiu ampliar o seu território nesse conflito, uma vez que as forças armadas israelenses eram bem treinadas e equipadas.

Durante esse conflito, diversas aldeias de palestinos foram destruídas pelas forças israelenses e cerca de 700 mil palestinos fugiram de suas casas e nunca mais puderam retornar, pois Israel nunca autorizou o retorno dessas pessoas. A derrota, a perda dos territórios e os milhares de palestinos expulsos de suas casas fizeram com que essa guerra recebesse a alcunha de “nakba” entre os árabes, termo que significa tragédia.

Depois desse conflito, uma série de outros episódios se desenrolou na região, com destaque para os seguintes:

  • Guerra dos Seis Dias: conflito que se iniciou em 1967, quando Israel atacou a Síria por abrigar guerrilheiros palestinos. Esse conflito teve como desfecho uma vitória avassaladora de Israel, que ocupou a Cisjordânia, Gaza, Jerusalém Oriental, Colinas de Golã e a Península do Sinai.
  • Guerra de Yom Kippur: conflito iniciado em 1973, quando os árabes atacaram Israel de surpresa com o objetivo de recuperar os territórios perdidos na guerra de 1967. Esse conflito se encerrou sem vencedores, pois o Egito impôs pesadas perdas a Israel, mas foi contido em um segundo momento da guerra.
  • Primeira Intifada: foi um levante popular que aconteceu em 1987, quando a população palestina foi instigada pelo Hamas a se rebelar contra as forças armadas de Israel com paus e pedras.
  • Segunda Intifada: outro levante popular dos palestinos. Aconteceu em 2000 e foi uma resposta à invasão da mesquita de al-Aqsa por tropas israelenses em Jerusalém.

Acesse também: Liga Árabe organização formada pelos países de língua árabe

Questão Palestina

Após mais de sete décadas de conflito, a situação entre palestinos e israelenses segue indefinida, principalmente porque os palestinos ainda não conseguiram fundar o seu próprio Estado nacional e porque a população palestina vive uma situação cada vez mais delicada na região. Muitos observadores internacionais apontam que as ações de Israel contra as populações palestinas são desproporcionais.

Palestinos fugindo de gás lacrimogêneo em protesto realizado durante o ano de 2010.[1]
Palestinos fugindo de gás lacrimogêneo em protesto realizado durante o ano de 2010.[1]

Além disso, muitos denunciam que as condições em que as populações palestinas vivem são muito ruins. Relatos de que as populações palestinas têm suas casas invadidas por soldados israelenses são bastante comuns. Soma-se a isso o fato de que a população palestina sofre com os bombardeios de Israel, que resultam na morte de civis, e tem acesso limitado a itens básicos, como água, energia elétrica e gás.

Notas

|1| CAMARGO, Cláudio, Guerras Árabe-israelenses. In.: MAGNOLI, Demétrio (org.). História das Guerras. São Paulo: Contexto, 2013, p. 431.

Créditos da imagem

[1] dominika zara e Shutterstock

Por: Daniel Neves Silva

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