Brasil na Primeira Guerra Mundial

A entrada do Brasil na Primeira Guerra Mundial ocorreu em 1917, após navios brasileiros terem sido torpedeados por submarinos do Império Alemão.

Presidente Venceslau sentado, à esquerda, assinando a declaração de guerra contra a Alemanha
Presidente Venceslau sentado, à esquerda, assinando a declaração de guerra contra a Alemanha
  • Redefinição diplomática do Brasil e a entrada na Grande Guerra

Após a Proclamação da República, em 1889, o Brasil passou por diversas transformações. Uma delas ocorreu no campo diplomático. Enquanto no período imperial o eixo diplomático estava ligado ao Reino Unido, portanto à Europa, no início da República, houve um deslocamento para o continente americano, isto é, para a zona de influência dos Estados Unidos. Esse tipo de medida orientava-se pelo clima nacionalista e imperialista que rondava o mundo todo à época. Como o modelo de república adotado pelo Brasil foi o estadunidense, e os interesses regionais estavam convergentes, a aproximação foi um tanto “natural”.

O fato é que essa afinidade político-diplomática com os EUA acabou resultando na entrada do Brasil na Primeira Guerra Mundial (1914-1918) em 1917 como aliado e membro da Tríplice Entente. Os EUA também entraram nesse mesmo ano como país aliado da França e da Inglaterra e contra o Império Alemão.

  • Navios torpedeados e declaração de guerra

A entrada efetiva do Brasil na “Grande Guerra”, como era chamada a Primeira Guerra Mundial, ocorreu após o torpedeamento de navios brasileiros por submarinos alemães, fato ocorrido em 26 de outubro de 1917. O então presidente da República, Venceslau Brás, assinou uma declaração formal de guerra à Tríplice Aliança, comandada pela Alemanha e a Áustria-Hungria. Como primeira medida, o presidente cuidou de rechaçar quaisquer formas de auxílio dos alemães residentes no Brasil para com o seu país de origem. Para tanto:

Em 16 de novembro [de 1917], o Congresso brasileiro vota a lei de guerra que proíbe aos alemães estabelecidos no país qualquer comércio e qualquer relação financeira com o exterior, põe termo aos contratos públicos que envolvam fornecedores alemães e proíbe aos alemães a obtenção de concessões de terra. Os bancos e as companhias de seguro alemães são submetidos a uma fiscalização excepcional. [1]

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Esse tipo de medida era estrategicamente importante, pois no início do século XX as tensões nacionalistas não existiam apenas na Europa, mas também em outros centros, sobretudo naqueles com alta incidência de migrantes, como era o caso do Brasil.

  • Contribuições pontuais por ar e mar

Do ponto de vista propriamente militar, o Brasil dispôs às potências aliadas o que pôde para os padrões da época. A Primeira Guerra exigia um arcabouço militar poderoso e muito sofisticado – atributos que as forças armadas brasileiras não tinham. Assim sendo, o Brasil ofereceu 13 oficiais aviadores para integrarem o 16º grupo da Real Força Aérea Britânica, uma expedição em missão médica à França, que lá permaneceu até fevereiro de 1919, e a Divisão Naval de Operações em Guerra (DNOG). Essa divisão forneceu dois navios cruzadores, o Bahia e o Rio Grande do Sul, e quatro contratorpedeiros: Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba e Santa Catarina. Contudo, boa parte dos membros dessa expedição marítima morreu a caminho de Dacar, na África, de gripe espanhola.

[1] COMPAGNON, Olivier. O adeus à Europa: a América Latina e a Grande Guerra. Trad. Carlos Nougué. Rio de Janeiro: Rocco, 2014. p. 146.

Por: Cláudio Fernandes

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