Trabalho escravo africano nos engenhos coloniais

O trabalho escravizado constituía cerca de 80% dos trabalhadores dos engenhos coloniais.
O trabalho escravizado constituía cerca de 80% dos trabalhadores dos engenhos coloniais.

Nos engenhos de açúcar do Brasil Colonial eram empregados o trabalho assalariado livre e o trabalho escravo africano. Neste texto daremos ênfase às formas e características do trabalho escravo colonial.

A maioria da população colonial brasileira era composta por africanos e seus descendentes escravizados. O desenvolvimento da economia colonial era garantido pela mão de obra escrava, que era empregada em diversas áreas: pecuária, lavoura, coleta, pesca e transporte de produtos. Os escravizados também realizavam uma diversidade de atividades desde o plantio (diversas culturas) até a preparação e o processamento do açúcar.

As jornadas de trabalho dos trabalhadores escravizados nos engenhos variavam: o plantio (preparação do solo) demandava diariamente aproximadamente 13 horas de labor; já o corte e a moagem da cana-de-açúcar demandavam 18 horas diárias.

Os escravos de campos integravam 80% dos trabalhadores escravizados dos engenhos de açúcar e trabalhavam plantando, colhendo, guiando boiadas e outros animais, pescando, caçando, entre outras coisas. Existiam os escravos que labutavam na produção do açúcar: esses constituíam aproximadamente 10% dos escravizados. As escravas domésticas, que geralmente trabalhavam na casa-grande (habitação do senhor de engenho e de sua família), exerciam os cargos de faxineiras, cozinheiras, arrumadeiras, amas de leite. Os artesãos (oleiro, carpinteiro, ferreiro) constituíam, juntamente com os escravos domésticos, os outros 10% dos trabalhadores escravizados.

O sistema de trabalho nos engenhos era geralmente por tarefas, ou seja, cada escravo exercia uma tarefa diária. Além disso, todos realizavam serviços extras (construção de casas, cercas, consertos, entre outros).

Os trabalhadores escravizados que não desempenhavam sua tarefa diária sofriam punições e castigos, e os que tentavam fugir da condição desumana em que se encontravam, geralmente sofriam sérios castigos físicos.

Nesse período da história do Brasil (dos engenhos de açúcar) surgiram vários aspectos e características da sociedade brasileira. Os escravos africanos deixaram várias heranças culturais. Foi na senzala (habitação dos escravos no engenho) que surgiu a feijoada, prato presente na culinária brasileira; e a capoeira, que se confundia com uma dança, mas que era uma forma de luta desenvolvida entre os escravos na resistência contra o trabalho escravo – muito praticada hoje em dia no Brasil e no mundo. 

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)
Por: Leandro Carvalho

Artigos relacionados

Escravidão no Brasil

Clique aqui e entenda o contexto histórico e as causas de escravidão no Brasil, um regime violento que afetou milhões de negros e de indígenas.

Escravos

Saiba mais como a escravidão e os escravos são importantes para compreendermos a dinâmica do nosso passado colonial.

Mercado de escravos

Após a chegada ao território brasileiro, os escravos eram vendidos como “peças” nos mercados de escravos. Saiba mais sobre a história da escravidão negra africana no Brasil.

Reino de Axum

Conheça um pouco do reino de Axum, um poderoso centro político africano que se desenvolveu na chamada Alta Idade Média.

Senzala

Clique aqui para conhecer melhor as senzalas e saber como era a vida dos escravizados nesses locais. Veja do que eram feitas e como surgiu esse termo.

Sociedade açucareira

As características da sociedade formada em torno dessa atividade.

Trabalho Infantil no Brasil

Clique e entenda as características do trabalho infantil no Brasil e as principais ações desenvolvidas para erradicar essa prática no país.