Império Almorávida

O Império Almorávida foi um dos mais poderosos impérios islâmicos da Idade Média, tendo se desenvolvido na região do Magreb, no oeste africano.

Construção arquitetônica almorávida em Marrakesh, Marrocos, África
Construção arquitetônica almorávida em Marrakesh, Marrocos, África

O Império Almorávida foi uma organização político-religiosa que se desenvolveu na região noroeste da África, entre 1056 e 1157 d.C., tendo incorporado ao seu domínio, no momento de seu apogeu, a Península Ibérica. A dinastia dos almorávidas era herdeira de tribos árabes islamizadas do Yêmen, sobretudo de duas principais, os lamtuna e os chadala, que saíram do Yêmen na época de Abu Bakr Siddiq. Essas tribos passaram pela Síria e daí partiram para o norte africano até se instalarem na região do Magreb, onde grandes impérios islâmicos ergueram-se.

Na região do noroeste africano, o islamismo havia tomado feições muito peculiares, sobretudo entre as tribos de bérberes e beduínos. A falta de esmero intelectual e do estudo dos preceitos e leis corânicas tornavam as tribos bérberes, como a dos djoddalas, pouco coerentes com a prática política e religiosa islâmica. Um dos chefes dos djoddolas, chamado Yaya ibn-Ibraihm, certa vez, quando voltava da Peregrinação a Meca, encontrou-se com um sábio de nome Abu Amiru, em Fez, no norte africano. O sábio, percebendo a ignorância do chefe, decidiu selecionar um bérbere para educar a referida tribo nos exatos preceitos islâmicos. Abadallah ibn Yacine, letrado da cidade de Sidjilmasa, aceitou pregar entre os djoddalas.

Contudo, como relatou o historiador Ricardo da Costa, os bérberes receberam Ibn Yacine muito mal: “Não gostaram nem um pouco das práticas ascéticas de Yacine, queimaram sua casa e o expulsaram. Yacine então se retirou (cerca de 1030) com dois discípulos da etnia bérbere dos lemtunas, Yaya ibn Omar e seu irmão Abu Bakr (não confundir com o califa do mesmo nome do século VII), para algum lugar desconhecido da costa atlântica. Foi então que começaram a receber adeptos. Quando chegaram ao milhar, Ibn Yacine batizou-os de Al-Morabetin (aqueles do ribat), palavra que deu origem a almorávida.” (Costa, Ricardo da. “A expansão árabe na África e os Impérios Negros de Gana, Mali e Songai (sécs. VII-XVI)”. In: NISHIKAWA, Taise Ferreira da Conceição. História Medieval: História II. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009, p. 34-53.)

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Portanto, o nome Almorávida deriva do lugar específico construído como fortaleza militar e convento de prática ascética religiosa ao mesmo tempo. Os ribat, tipos de conventos militares muçulmanos, passaram a ser liderados por um Sheikh (veterano), que orientava os iniciados. Ibn Yacine formou um grande império a partir desse princípio de rigor doutrinal, que, a partir de 1055 d.C., passou a controlar os dois maiores centros comercias de ouro das rotas de caravanas transaarianas, o de Sijilmasa e o de Awdaghust.

O controle comercial e o rigor disciplinar e religioso possibilitaram aos almorávidas um gradativo domínio da região do Magreb, submetendo terras que antes haviam sido controladas por grandes impérios, como Gana, Songai e Mali. O centro do poder dos almorávidas passou a ser a cidade de Marrakesh, no Marrocos. Após terem conquistado o Magreb, os almorávidas partiram em direção ao estreito de Gibraltar, procurando travar contato econômico com o domínio islâmico da Península Ibérica.

No entanto, havia na região da atual Espanha um confronto entre islâmicos e cristãos. O rei Afonso VI avançava sobre os domínios islâmicos. Esse fato exigiu o apoio dos almorávidas, que, sob a liderança de Yusuf ibn Tashfin, conquistaram a cidade de Ceuta. Aos poucos, graças à sua complexa organização e ao seu poderio militar, os Almorávidas anexaram a Península Ibéria aos seus domínios.

O Império Almorávida começaria a ruir no ano de 1147 d.C., quando houve a ocupação de Marrakesh pela dinastia dos Almoádas. Essa mesma dinastia conseguiria, no ano de 1172 d.C., estabelecer o controle de toda a Espanha muçulmana e decretar o fim do domínio Almorávida.

Por: Cláudio Fernandes

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