Gerúndio e gerundismo

Existem diferenças importantes entre o gerúndio e gerundismo: O gerúndio é uma forma nominal do verbo, enquanto o gerundismo é caracterizado pelo uso abusivo dessa forma.

Gerúndio e gerundismo são coisas distintas. É preciso ficar atento para não cometer deslizes, especialmente na modalidade escrita
Gerúndio e gerundismo são coisas distintas. É preciso ficar atento para não cometer deslizes, especialmente na modalidade escrita

Duas perguntinhas para você que gosta de estudar a língua portuguesa e todas as suas curiosidades: 1) Você sabe utilizar adequadamente o gerúndio? 2) O que você entende por gerundismo? Se você ficou ou em dúvida ou não sabe as respostas, o Alunos Online vai explicar as diferenças entre o gerúndio e o gerundismo para que você conheça um pouco mais sobre nosso belo idioma.

Gerúndio e gerundismo são coisas distintas, isso é muito importante salientar. O gerúndio, ao lado do particípio e do infinitivo, é uma forma nominal do verbo, isto é, quando um verbo está flexionado em uma das três formas nominais, ele perde suas características iniciais e assume características de nome. No caso do gerúndio, o verbo assume características de advérbio ou adjetivo e deve ser empregado sempre que a intenção for a de conferir ideia de continuidade a uma ação. Observe os exemplos:

Vi as crianças brincando na pracinha.

Os alunos estavam conversando enquanto a professora explicava a matéria.

O rapaz chegou alegrando o escritório.

Ele ficou em casa consertando o carro.

Como você pôde observar, o gerúndio deve ser utilizado para indicar uma ação em andamento, ou seja, uma ação que não está terminada no momento em que dela se fala. Assim como as demais formas nominais, o gerúndio é formado pelo tema (radical + vogal temática) e, em seu caso específico, acrescenta-se a desinência -ndo. Não há nenhuma incorreção gramatical quando essa forma nominal é empregada dessa maneira, contudo, muitas pessoas têm utilizado o gerúndio para conferir ao verbo uma ideia de progressividade no futuro:

Eu vou estar fazendo um bolo para o seu aniversário.

Eu vou estar telefonando para a escola para conversar com a professora.

A empresa vai estar depositando o salário até o final da tarde.

Nós vamos estar resolvendo o problema assim que possível.

Você deve ter percebido que foram utilizados dois verbos, um no infinitivo e outro no gerúndio, e o uso simultâneo das duas formas nominais é absolutamente desnecessário. Daí surge o famigerado gerundismo, fenômeno muito criticado por transgredir a gramática normativa. É possível dizer ou escrever as mesmas frases que você leu acima sem a interferência do gerundismo, optando pelo uso dos verbos no futuro ou até mesmo fazendo uso de locuções verbais. Observe:

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Eu vou fazer um bolo para o seu aniversário.

Eu vou telefonar para a escola para conversar com a professora.

A empresa vai depositar o salário até o final da tarde.

Nós vamos resolver o problema assim que possível.

Ou

Eu farei um bolo para o seu aniversário.

Eu telefonarei para a escola para conversar com a professora.

A empresa depositará o salário até o final da tarde.

Nós resolveremos o problema assim que possível.

Alguns falantes, por medo de errar, acabam evitando o gerúndio, por isso é fundamental entender as diferenças entre o gerúndio e o gerundismo
Alguns falantes, por medo de errar, acabam evitando o gerúndio, por isso é fundamental entender as diferenças entre o gerúndio e o gerundismo

Agora que você já sabe as diferenças existentes entre o gerúndio e o seu uso abusivo, o gerundismo, não precisa mais ter medo de errar. Mesmo que muitos linguistas considerem o gerundismo como um vício de linguagem e, por esse motivo, defendam a ideia de que ele seja abolido, vale ressaltar que apontar o dedo para o falante e dizer que ele “fala errado” não é a solução mais adequada. É preciso esclarecer os usuários da língua portuguesa sobre os vários fenômenos oriundos da variação linguística, bem como suas relações com as modalidades oral e escrita. Para que a comunicação aconteça livre de ruídos, sempre preze pelo bom senso, afinal de contas, por que utilizar dois ou mais verbos se é possível utilizar apenas um? Pense nisso!

Por: Luana Castro Alves Perez

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