Descoberta de novos gases que destroem a camada de ozônio

Cientistas da Universidade de East Anglia, em Londres, descobriram mais quatro novos gases que destroem a camada de ozônio: CFC-112, CFC-112a, CFC-113a e HCFC-133a.

A nossa camada de ozônio está ameaçada por gases produzidos pelo próprio ser humano
A nossa camada de ozônio está ameaçada por gases produzidos pelo próprio ser humano

 Conforme explanado no texto Como a camada de ozônio é destruída, os principais causadores dessa degradação são os CFCs (Clorofluorcarbonetos, também conhecidos como gases Fréons®), que são compostos formados por átomos de carbono, flúor e cloro. Tanto que em 1987 representantes dos maiores produtores de CFCs do mundo assinaram o Protocolo de Montreal, comprometendo-se a substituir essas substâncias por outras mais inofensivas.

Entre as substâncias desenvolvidas para substituir os CFCs estão os HCFCs (Hidroclorofluorcarbonetos), que se diferenciam dos CFCs simplesmente pelo fato de terem alguns átomos de cloro e/ou de flúor substituídos por hidrogênios.

Até o momento, os principais gases que destroem a camada de ozônio eram CCl3F (nome comercial CFC-11), CCl2F2 (CFC-12), CClF2CClF2 (CFC-114) e CClF2CF3 (CFC-115).

Notícias de que desde 2000 as concentrações de CFCs tinham diminuído quase um por cento ao ano deixaram a maioria despreocupada, pensando que o problema estava sendo solucionado. Entretanto, no início de março de 2014, uma nova e alarmante notícia surgiu: pesquisadores da Universidade de East Anglia, Londres, descobriram quatro novos gases que destroem a camada de ozônio. Esses gases foram identificados por: CFC-112, CFC-112a, CFC-113a e HCFC-133a.

Essa pesquisa foi feita por uma equipe liderada pelo cientista atmosférico Johannes Laube, e os resultados foram publicados pela revista Nature Geoscience.

Antes de falar sobre o que esses cientistas descobriram até o momento sobre esses novos gases que destroem a camada de ozônio, vamos primeiro dar uma breve explicação sobre esses nomes para você se inteirar mais sobre a estrutura desses compostos.

Bem, o nome comercial dos CFCs é feito escrevendo-se a sigla "CFC" seguida de números que indicam o seguinte:

* O primeiro número indica a quantidade de átomos de carbono menos 1. Se esse valor der igual a zero, ele não é escrito;

* O segundo número indica a quantidade de átomos de hidrogênio mais 1;
* O terceiro número indica a quantidade de átomos de flúor.

Por exemplo, veja os dois CFCs abaixo:

        Cℓ                                                      F
          |                                                       |
 Cℓ ─ C ─ F                                       Cℓ ─ C ─ F
          |                                                       |  
        Cℓ                                                     Cℓ

triclorofluorometano                       diclorodifluorometano

 * 1 carbono – 1 = 0 (não se escreve);        * 1 carbono – 1 = 0 (não se escreve);

 * 0 hidrogênios + 1 = 1;                            * 0 hidrogênios + 1 = 1;

 * 1 átomo de flúor.                                   * 2 átomos de flúor.

Nome: CFC-11                                         Nome: CFC-12

Portanto, os novos gases descobertos que destroem a camada de ozônio são:

CFC-112                                              CFC-112a

(1,1,2,2-tetracloro-1,2-difluoretano)     (1,1,2,2-tetracloro-2,2-difluoretano)

                                                 Cℓ      F                                                F     Cℓ
                                                   |       |                                                  |      |
                                          Cℓ ─ C ─ C ─ Cℓ                                  Cℓ ─ C ─ C ─ Cℓ
                                                   |      |                                                   |      |
                                                  F    Cℓ                                                 F    Cℓ

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CFC-113a                                             HCFC-133a

(1,1,1-tricloro-2,2,2-trifluoretano)           (1,1,1-trifluor-2-cloroetano)

                                                  F    Cℓ                                                      F    H
                                                   |      |                                                        |     |
                                            F ─ C ─ C ─ Cℓ                                        F ─ C ─ C ─ H
                                                   |      |                                                        |     |
                                                  F    Cℓ                                                      F   Cℓ

O “a” após os números indica que os átomos de flúor estão ligados ao mesmo carbono.

Veja que os três primeiros são gases CFC, enquanto o terceiro é um HCFC, o que é um fator agravante, tendo em vista que, conforme mencionado no início deste artigo, os HCFCs foram desenvolvidos para serem substitutos dos CFCs.

A origem desses novos gases que destroem a camada de ozônio ainda é desconhecida, mas se sabe que eles são gerados pelos humanos, pois não há ocorrência deles na atmosfera até o ano de 1960. Pesquisas apontam que entre as possíveis fontes de suas emissões estão insumos químicos para a produção de inseticidas e solventes para limpeza de componentes eletrônicos. Por exemplo, o CFC-113a foi listado como um "insumo agroquímico para produção de piretroides", um tipo de inseticida que já foi usado largamente na agricultura. Inclusive, dos quatro, ele é o mais preocupante, pois sua emissão cresce rapidamente.

No entanto, as origens ainda não estão confirmadas e investigações posteriores indicarão melhor as suas fontes.

Esses cientistas estimam que 74 mil toneladas desses gases foram lançadas na atmosfera. Essa descoberta ocorreu pelo estudo de blocos de neve que “aprisionaram” o ar que estava na atmosfera até um século atrás. Eles também analisaram amostras de ar coletadas no Cabo Grim, uma região remota na ilha da Tasmânia, Austrália.

Apesar da concentração desses gases na atmosfera ainda ser pequena, os cientistas alertam que a fonte do lançamento deles deve ser pesquisada para que essa concentração não aumente, principalmente porque dois desses gases que destroem a camada de ozônios estão se acumulando em taxas significativas e, conforme dito no texto mencionado acima, o tempo médio de permanência desses gases na atmosfera é muito grande. Só para se ter uma ideia, o tempo de permanência do CFC-115 na atmosfera é de cerca de 380 anos. Portanto, mesmo se suas emissões forem cessadas, eles continuarão na estratosfera reagindo por muito tempo e destruindo a camada de ozônio por meio de um processo catalítico com várias reações sequenciais. 

Por: Jennifer Rocha Vargas Fogaça

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