Umbanda

A umbanda é uma religião afro-brasileira que sofreu influências do candomblé, do espiritismo e do catolicismo. Surgiu no começo do século XX no Rio de Janeiro.

Altar religioso da umbanda
A umbanda é uma religião de origem afro-brasileira.

A umbanda é uma religião de origem afro-brasileira que se originou no Rio de Janeiro, no começo do século XX, a partir da incorporação que Zélio Fernandino de Morais teve da entidade Caboclo da Sete Encruzilhadas. É uma religião surgida do sincretismo religioso, possuindo elementos do catolicismo, candomblé e espiritismo.

Sua principal influência é mesmo a matriz religiosa africana, em especial o candomblé. Dessa religião, herdou-se a crença nos orixás e o uso de instrumentos de percussão nas celebrações. Entidades são seres importantes da umbanda, como os caboclos, os pretos velhos e os erês.

Leia mais: Religião e seita — qual a diferença?

Tópicos deste artigo

Resumo sobre umbanda

  • A umbanda é uma religião de origem afro-brasileira que surgiu no Rio de Janeiro no começo do século XX.

  • Possui elementos do candomblé, do espiritismo e do catolicismo.

  • Seu surgimento se deu por meio de Zélio Fernandino de Morais.

  • Ela legou do candomblé a crença nos orixás.

  • Entidades são seres importantes da umbanda, e algumas delas são os caboclos e os pretos velhos.

O que a umbanda defende?

A umbanda é uma religião de matriz afro-brasileira que surgiu no começo do século XX, tornando-se uma das primeiras religiões de influência africana no Brasil. É considerada uma religião brasileira porque surgiu aqui, mas se estruturou por meio da influência do candomblé, do espiritismo e do catolicismo.

A umbanda é uma religião monoteísta, pois acredita na existência de uma divindade suprema: Olorum, o criador de tudo e quem delimitou os princípios dessa fé. Também é conhecido como Zambi, e a crença nele dentro da umbanda não se define como uma veneração.

A umbanda também possui uma forte crença em espíritos, conhecidos como entidades ou guias, que se manifestam por meio dos médiuns, pessoas que fazem a interlocução deles, trazendo suas mensagens de orientação, além de atuarem na retirada da energia negativa das pessoas. Há uma variedade enorme de entidades dentro da umbanda.

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Acredita-se que alguns dessas entidades possam ser espíritos de luz, isto é, que são benéficas aos seres humanos, mas também acredita-se que há espíritos das trevas, com os quais o seres humanos precisam ser mais receosos. Essa polarização entre bem e mal não existe na umbanda com raízes mais africanas mais fortes, e entende-se que tal ambivalência seja uma influência cristã.

A umbanda valoriza profundamente a caridade, e entende-se que esse tipo de ação contribui diretamente na elevação do espírito. Outros valores defendidos na umbanda são a fraternidade, a união entre as pessoas, o respeito às diferenças pela não discriminação, a propagação do amor, entre outros. A umbanda acredita na reencarnação, e os umbandistas consideram a alma imortal.

Orixás e entidades da umbanda

Imagem de exu, entidade da umbanda, ao lado de vela em superfície de madeira.
Exu é uma das entidades mais populares da umbanda.

O local em que se realiza os rituais da umbanda é o terreiro, e o sacerdote que o coordena é o pai de santo ou mãe de santo, também chamados de babalorixá ou ialorixá respectivamente. Como mencionado, a crença nos orixás faz parte da umbanda, embora esta possua diferenças na maneira como tal crença se manifesta em relação ao candomblé.

A crença nos orixás pode variar de acordo com o tipo de umbanda que se pratica, e existem nove orixás presentes nessa religião:

  • Oxum;

  • Iansã;

  • Nana Buruquê;

  • Ogum;

  • Xangô;

  • Oxossi;

  • Oxalá;

  • Iemanjá;

  • Omulú.

Além disso, a umbanda é marcada pela crença em entidades e espíritos, conforme já mencionado. Essas entidades participam das sessões por meio da incorporação dos médiuns, trazendo mensagens de conforto e sabedoria, além de atuar na cura, proteção e limpeza de energias negativas das pessoas que participam das sessões. Os rituais e as celebrações na umbanda de linha mais próxima da raiz africana fazem uso de instrumentos de percussão, como o atabaque.

Entre as entidades que podem participar das celebrações e sessões da umbanda, estão:

  • Pretos velhos: espíritos de africanos escravizados no Brasil e conhecidos por trazerem mensagens de sabedoria.

  • Caboclos: espíritos de indígenas, têm grandes conhecimentos sobre ervas.

  • Exus: mensageiros dos orixás e são tratados com grande atenção pelos médiuns.

  • Erês: espíritos de crianças e são considerados entidades alegres.

Há uma série de outras entidades presentes na umbanda, como as pombajiras, os baianos, os malandros, os marinheiros, os baianos, os ciganos, entre outros.

Leia mais: Dia de São Cosme e Damião — celebrado por umbandistas, candomblecistas e católicos

Umbanda X candomblé

Apesar de ser uma religião com forte influência africana, a umbanda se difere de outras religiões de matriz africana no Brasil, sendo que a mais popular delas é o candomblé. A grande diferença entre as duas é que o candomblé preservou de maneira mais evidente os traços de origem africana na crença e na celebração dos rituais.

O candomblé possui dezenas de orixás, enquanto a umbanda crê em apenas nove deles. Por fim, a umbanda, conforme já vimos, é resultado de um grande sincretismo religioso que fundiu elementos do espiritismo e do catolicismo, além das raízes africanas. Caso queira saber mais sobre essas diferenças, leia nosso texto.

História da umbanda

A umbanda é uma religião que surgiu no Brasil, no começo do século XX. No entanto, a umbanda, na forma como conhecemos atualmente, foi resultado do sincretismo religioso do candomblé e da religiosidade de matriz africana, do espiritismo e do catolicismo.

No caso da influência africana, a umbanda se estruturou com base no candomblé e nas práticas religiosas de iorubás e bantos. Uma das grandes influências nesse sentido foi a crença nos orixás, divindades que são como elementos da natureza e que no sincretismo religioso brasileiro se associaram bastante com os santos católicos.

Do espiritismo, a umbanda absorveu a crença na reencarnação, o papel do médium enquanto um interlocutor que recebe o espírito e a crença da hierarquização dos espíritos, isto é, de que há espíritos mais elevados que outros. Por fim, o cristianismo trouxe, por exemplo, a dicotomia entre bem e mal (não presente na religiosidade de matriz africana) e o apreço pela caridade.

As práticas religiosas de matriz africana se popularizaram em locais marcados pela grande quantidade de escravos africanos e seus descendentes, e esse foi o caso do Rio de Janeiro. Lá se estabeleceu um culto que englobava elementos da tradição iorubá e banto, sendo realizado em terreiros.

A popularização da umbanda se deu mesmo com ela não tendo um viés proselitista, como no cristianismo. Considera-se que o ponto de partida se deu em 1908 por meio do jovem Zélio Fernandino de Morais, na época um jovem de 17 anos de idade.

Na ocasião, Zélio estava prestes a ingressar na Marinha, mas foi levado ao hospital porque manifestava comportamento estranho, falando palavras que não eram compreendidas. Os médicos não identificaram nenhum problema de saúde nele, e sua família decidiu levá-lo em um centro espírita.

Durante a sessão, Zélio foi incorporado por uma entidade que se apresentou como Caboclo das Sete Encruzilhadas, justificando seu nome porque para ele não havia caminhos fechados. Além disso, essa entidade informou que havia sido um padre no século XVIII e que na sua última encarnação tinha vindo como um indígena.

Na incorporação, a entidade apresentou instruções para o surgimento da nova religião. A umbanda se estruturou a partir daí e se popularizou com duas alas distintas: uma que se aproximou das raízes africanas e outra que passou por um processo de embranquecimento, aproximando-se do espiritismo.

Fontes

BERKENBROCK, Volney J. A experiência dos orixás: um estudo sobre a experiência religiosa no candomblé. Petrópolis: Vozes, 1997.

LINARES, Ronaldo Antônio; TRINDADE, Diamantino Fernandes; COSTA, Wagner Veneziani. Iniciação à Umbanda. Disponível em: https://madras.com.br/pdf/iniciacao-umbanda.pdf

PRESOTO, Aline da Silva. Umbanda: da repressão à busca pela aceitação. Disponível em: http://celacc.eca.usp.br/sites/default/files/media/tcc/artigo_-_celacc.pdf

ROHDE, Bruno Faria. A umbanda tem fundamento, e é preciso preparar: abertura e movimento no universo umbandista. Disponível em: https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/8977/1/Bruno%20Faria%20Rohde.pdf

Por: Daniel Neves Silva

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