Crise migratória na Europa

A Europa enfrenta hoje uma crise migratória causada pela propagação de diversos conflitos no norte da África, Oriente Médio, Europa e Ásia.

Grupo de refugiados na Estação ferroviária de Budapeste em referência à crise migratória na Europa.
Grupo de refugiados na Estação ferroviária de Budapeste, em setembro de 2015. [1]

A Europa sempre foi um continente de migrantes, pois sempre atraiu muitas pessoas que buscam melhores condições de vida. A maior parte desses migrantes vem de países do Oriente Médio, Ásia e África, que enfrentam graves problemas sociais, econômicos e políticos.

Para tentar organizar esse processo migratório, os países europeus desenvolveram ao longo dos anos diversas políticas migratórias. Nos períodos em que a Europa passava por alguma crise econômica ou política, os países implantavam medidas restringindo a entrada de migrantes para evitar a concorrência por oportunidades de trabalho e o aumento dos problemas sociais. Nos períodos em que o desenvolvimento europeu permitia e necessitava de uma quantidade maior de mão de obra, essas políticas eram mais liberais e permitiam mais a entrada de pessoas de outras regiões no continente.

Tópicos deste artigo

Causas da crise migratória na Europa

Nos últimos anos, principalmente a partir de 2011, o fluxo migratório para a Europa intensificou-se drasticamente, causando uma grande crise migratória no continente. Estima-se, de acordo com um levantamento realizado pela ONU, que apenas no ano de 2014 a Europa tenha recebido cerca de 6,7 milhões de migrantes.

De acordo com a ONU, os mais de 15 conflitos (8 na África, 3 no Oriente Médio, 1 na Europa e 3 na Ásia) existentes no mundo atualmente têm sido a principal motivação para a crise migratória na Europa. Isso ocorre porque os migrantes, em sua maioria, são refugiados (pessoas que migram para fugir de conflitos e perseguições políticas, guerras etc.) dessas regiões de conflito.

Os países de onde mais saem migrantes são a Síria, Afeganistão, Iraque, Líbia e Eritreia. A Síria, com uma guerra civil que já dura mais de quatro anos e que contabiliza mais de 250 mil mortos, de acordo com dados apresentados pela ONU, possui o maior grupo de refugiados do mundo. Tanto o Afeganistão quanto o Iraque vivem, desde 2001, em virtude da invasão dos Estados Unidos, uma grave crise política. Os constantes ataques rebeldes que atingem esses países têm levado diversos grupos a migrar para outras regiões do mundo. A Líbia e a Eriteia são países africanos que convivem com regimes opressores e antidemocráticos, além de diversos problemas sociais, o que tem levado grande parte da população a migrar para outras regiões.

Outra motivação para que esses países apresentem muitos emigrantes é a atuação do Estado Islâmico em seu território. Essa organização extremista tem aproveitado das guerras civis e da situação de pobreza em que se encontram esses países para expandir a sua área de domínio. Uma vez que a organização domina uma determinada região, implanta-se um sistema de governo baseado em uma visão extremista das leis islâmicas.

Consequências da crise migratória na Europa

A maior parte dos migrantes chega à Europa de forma clandestina por meio da navegação em botes no Mar Mediterrâneo. Como o acesso do continente por terra é controlado, é cada vez mais comum que os migrantes se arrisquem na travessia do Mar Mediterrâneo, o que causa diversas mortes por afogamento. Estima-se que mais de 2,5 mil pessoas tenham se afogado em 2014 ao realizar essa travessia.

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Como a Europa acaba de atravessar uma crise econômica, os países europeus estão apresentando certa resistência e dificuldades para aceitar e acomodar os migrantes que chegam em seu país. Por essa razão, cresce a tensão entre os países que integram a União Europeia para a criação de leis que regulem a chegada dos migrantes. A Grécia, por exemplo, por ser um país litorâneo, tem alegado que recebe muito mais refugiados do que os demais países da Europa e já está expulsando migrantes que chegam ao país de forma irregular.

Como muitos europeus estão desempregados, existe uma preocupação de que a chegada desses migrantes aumente a concorrência pelas oportunidades de emprego e promova o aumento dos problemas sociais. Outra razão para essa resistência em receber os migrantes diz respeito à situação de alerta que a maior parte dos países europeus vive hoje em relação ao terrorismo. Acredita-se que, entre os migrantes que chegam ao país, estejam integrantes do Estado Islâmico infiltrados.

Essas duas preocupações são reais, já que ambas podem acontecer no cenário atual de recuperação econômica e tensões causadas pela ascensão do Estado Islâmico. Porém, em alguns casos, essas motivações são utilizadas apenas como justificativa para a intolerância cultural e xenofobia.

Uma pesquisa realizada na Europa, publicada pelo jornal Público, de Portugal, averiguou que metade dos cidadãos entrevistados é contra a ida de migrantes para os países em que vivem, considerando, inclusive, necessário restringir a chegada de mais migrantes e limitar os direitos individuais dos refugiados que já se encontram no país. Também cresce o número de ataques contra pessoas de outras nacionalidades na Europa e aos centros de refugiados.

A situação dos migrantes que chegam à Europa atualmente também preocupa. Como a migração é muito intensa e a maior parte dos refugiados não tem para onde ir, eles estão sendo acomodados em abrigos temporários que não possuem condições para receber mais pessoas.

Assim, as leis de migração do continente europeu precisam ser revistas para conseguir organizar a intensa migração que vem ocorrendo. Além disso, é preciso ter certo controle com relação ao migrante que chega ao país, oferecendo um local seguro de moradia e oportunidades que garantam a sua sobrevivência e evitem que esse migrante ingresse em atividades ilícitas. É preciso também criar medidas de prevenção e controle do xenofobismo (intolerância à diversidade cultural), muito comum na Europa.

Créditos de imagem

[1] Alexandre Rotenberg / shutterstock.com

Por: Thamires Olimpia Silva

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