Governo Café Filho e o golpe de Estado

Capa da revista Careta satirizando os desafios de Café Filho para fazer as reformas necessárias ao Brasil
Capa da revista Careta satirizando os desafios de Café Filho para fazer as reformas necessárias ao Brasil

Com a morte de Getúlio Vargas, em 1954, o vice-presidente Café Filho assumiu a presidência, sendo seu governo marcado pela tentativa de golpe de Estado por parte das forças políticas conservadoras do país. O motivo alegado para o golpe era a eleição de Juscelino Kubitschek (JK) para a presidência e de João Goulart (Jango) para vice-presidente. Assim, eleição e tentativa de golpe foram os fatos que marcaram o governo Café Filho.

O golpe possivelmente não foi tentado após o suicídio de Getúlio Vargas devido ao fato da população ter saído às ruas para protestar contra os opositores do antigo ditador. Tal situação mostrou o acirramento das disputas no cenário político nacional, e o processo eleitoral não fugiu a esta situação.

As eleições foram convocadas para o dia 03 de outubro de 1955, tendo como candidatos ao cargo de presidente JK, pelo PSD, o general Juarez Távora, pela UDN, Ademar de Barros, pelo PSP, e Plínio Salgado, pelo PRP. O resultado apontou JK como o vitorioso do pleito, tendo alcançado 36% dos votos.

A UDN não aceitou o resultado e passou a articular junto aos setores conservadores e anticomunistas do exército um golpe de Estado que impedisse a posse do presidente eleito. Carlos Lacerda, principal líder da UDN, utilizava seu jornal, A Tribuna do Povo, como porta-voz das forças golpistas. Foi neste mesmo jornal que foi publicada a Carta Brandi, uma carta forjada e supostamente enviada pelo deputado argentino Antônio Jesús Brandi a Jango, evidenciando a ligação de Jango com o presidente argentino Perón e os planos do político brasileiro em importar armas clandestinamente da Argentina, com o objetivo de armar grupos operários.

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Depois de terem aberto uma investigação militar, chefiada pelo Ministro da Guerra, general Henrique Lott, provou-se que a carta era falsa. Entretanto, os opositores dos candidatos eleitos não desistiram da realização do golpe. Questionando o resultado das eleições e apontando JK e Jango como apoiados pelos comunistas, o general Bizarria Mamede, da Escola Superior de Guerra (ESG), fez um discurso, em um funeral, contra os eleitos. Frente a isso, o general Lott, defensor do legalismo, pediu autorização ao presidente Café Filho para repreender Mamede por sua ação.

Entretanto, o presidente sofreu um ataque cardiovascular que o afastou da presidência, ocupando o cargo o presidente da Câmara dos Deputados, Carlos Luz, pertencente à ala conservadora do parlamento. Em sua decisão frente ao pedido de Lott, Luz negou a autorização para a repreensão a Mamede, ocasionando o pedido de demissão do general Lott do cargo de Ministro.

Lott recebendo informação de comandantes militares percebeu que a negação de seu pedido era uma forma de pressioná-lo a sair do comando do exército e, desta forma, abrir caminho ao golpe de Estado que impediria a posse de JK. Frente a isso, organizou em 11 de março de 1955 um golpe de Estado que tirou Carlos Luz da presidência. Este golpe foi, na verdade, um contragolpe, uma antecipação que visava a garantir a posse dos candidatos eleitos. Em lugar de Carlos Luz, assumiu a Presidência Nereu Ramos, que em 31 de janeiro de 1956 passou a faixa presidencial a JK

Por: Tales Pinto

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