Intentona Integralista (1938)

A Intentona Integralista, ou Levante Integralista, consistiu em tentativas de tomada do poder no Brasil que ocorreram em duas ocasiões do início do ano de 1938.

Jovens integralistas uniformizados no fim dos anos 1930
Jovens integralistas uniformizados no fim dos anos 1930

O acontecimento conhecido como Intentona Integralista foi um levante armado promovido por membros da Ação Integralista Brasileira (AIB) em dois dias – 11 de março e 11 de maio de 1938 – contra o governo de Getúlio Vargas. Para compreendermos bem o que esse levante significou para aquela época, precisamos saber quais eram os propósitos da Ação Integralista Brasileira.

  • Plínio Salgado e fundação da AIB em 1932

A Ação Integralista Brasileira (AIB) foi fundada em 1932 pelo político e escritor paulista Plínio Salgado. As bases ideológicas do integralismo estavam calcadas no pensamento reacionário e autoritário dos primeiros anos do século XX que repudiava a tradição das democracias liberais da Belle Époque. Esse tipo de pensamento e postura política assumiu diversas facetas, a depender do país em que vigorou: Portugal, Espanha, Alemanha, Itália etc. De modo geral, prevaleceu o epíteto “fascismo” em decorrência de sua aplicação na Itália governada por Benito Mussolini. De fato, Plínio Salgado e os membros da AIB nutriam grande admiração pelo líder italiano e procuraram adaptar o seu modelo de Estado corporativo (forte e controlador) como parâmetro político.

Além do corporativismo, o integralismo ainda tinha como características principais o nacionalismo ufanista, o anticomunismo e a mística e simbologia, essas últimas também herdadas do fascismo e podiam ser observadas durante as marchas do movimento. Como dizem as historiadoras Starling e Lilia Schwarcz, em sua obra Brasil: uma biografia:

Em outubro de 1934, na cidade de São Paulo, uma única marcha comandada pela AIB reuniu em torno de 40 mil integralistas, que desfilaram, batendo as botas no chão, cadência militar. A população, perplexa, se acotovelou para ver. Pálidos de emoção ou ansiedade, minuciosamente coreografados em fileiras fechadas e braços estendidos, os integralistas marcharam impecáveis: camisas verdes, braçadeiras com insígnias grafadas em negro – a letra sigma, de “soma”, indicando que o integralismo era a síntese totalizadora de toda a sociedade –, estandartes desfraldados audaciosamente à luz do dia, numa marcação cênica que pretendia demonstrar força e disposição de combate. [1]

As ideias integralistas foram disseminadas a partir do Manifesto de 7 de outubro de 1932, de modo que a AIB chegou a ter mais de 100 mil adeptos no país até o momento de sua extinção.

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  • Estado Novo e a Intentona de 1938

Os integralistas apoiavam o modo como Vargas conduzia o Estado e, em contrapartida, recebiam do presidente a liberdade de organização político-partidária alinhada com o fascismo europeu. Plínio Salgado chegou até a cogitar preparar-se para a candidatura ao cargo de presidente nas eleições de 1938, mas, antes disso, Getúlio Vargas instituiu a ditadura do Estado Novo, em 10 de novembro de 1937. Uma das medidas tomadas por Vargas foi o fechamento do todos os órgãos ligados ao Poder Legislativo, a começar pelo Congresso Nacional, bem como todos os partidos políticos, incluindo a AIB.

O fechamento da AIB provocou a revolta dos integralistas, que se sentiram traídos por Getúlio. Essa revolta foi materializada nas duas tentativas de tomada do poder por parte dos membros da AIB. Essas tentativas receberam o nome de “Intentona”. A primeira ocorreu no dia 11 de março de 1938 e teve como alvo o 3º e o 5º Batalhão de Infantaria do Exército, situados nos bairro do Botafogo e no Centro do Rio de Janeiro, respectivamente. A operação foi rechaçada por uma ação conjunta do comando dos Batalhões e do Serviço Nacional de Informações (SNI), seções do Exército e da Marinha. Os principais líderes envolvidos foram encarcerados.

A segunda tentativa de tomada do poder pelos integralistas ocorreu em 11 de maio do mesmo ano. O alvo agora era o próprio centro do Poder Executivo: o Palácio do Catete, onde residia o presidente da República. O ataque reuniu 80 integralistas, liderados por Severo Founier, nas primeiras horas da madrugada. O objetivo era depor ou assassinar Vargas e tomar o controle do Executivo, reabilitando a AIB. O confronto com o Exército e a Polícia Especial, liderada por João Alberto Lins e Barros, foi em vão. Todo os envolvidos foram presos e cerca de 1.500 líderes integralistas foram perseguidos por todo o território nacional. Plínio Salgado teve que se exilar em Portugal.

NOTAS

[1] Schawrcz, Lilia M. e Starling, Heloisa M. Brasil: Uma Biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. p. 368.

Por: Cláudio Fernandes

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