Astecas

Os astecas foram uma das maiores civilizações mesoamericanas que existiram e ficaram conhecidos por possuírem uma sociedade muito sofisticada. Foram conquistados pelos espanhóis.

O calendário asteca previa a existência de cinco eras, e a última delas (a era que eles viviam) se encerraria no ano de 2027.
O calendário asteca previa a existência de cinco eras, e a última delas (a era que eles viviam) se encerraria no ano de 2027.

Os astecas eram um povo mesoamericano (habitava a região da Mesoamérica, mais precisamente onde hoje fica o México) que formou um grande império naquela região. Os astecas estabeleceram-se naquela região por volta do século XIII e construíram uma civilização de grandes feitos, com destaque para as grandes construções. O Império Asteca existiu até o ano de 1521, quando os espanhóis conquistaram a região. Os astecas também podem ser chamados de povos pré-colombianos, pois habitaram o continente europeu antes da chegada dos europeus à América, o que aconteceu com a expedição de Cristóvão Colombo em 1492.

Acesse também: Conquista do Império Asteca

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Resumo

Os astecas foram uma civilização pré-colombiana que existiu na região da Mesoamérica, região que abrange países como México e Guatemala. Por conta de sua localização, podem ser conhecidos também como uma civilização mesoamericana. Considera-se que os astecas instalaram-se (herdeiros dos povos mexicas) na região em que se desenvolveu Tenochtitlán, capital dos astecas.

Os astecas possuíam uma religião politeísta, isto é, os astecas adoravam diversos deuses. Dentro de sua visão religiosa, acreditavam ser necessário realizar sacrifícios humanos como forma de manter seus deuses satisfeitos. O deus mais poderoso do panteão asteca era chamado de Tezcatlipoca (traduzido como “Senhor do Espelho Fumegante”).

A centralização dos astecas em Tenochitlán aconteceu durante o século XIV. No século XVI, os astecas foram conquistados pelos espanhóis, e esse acontecimento marcou o fim de seu império.


Localização

Neste mapa, podemos identificar o Lago Texcoco, a localização de Tenochtitlán e, em vermelho, o atual estágio da Cidade do México, a capital mexicana.

O Império Asteca instalou-se em uma ilha que ficava no meio do Lago Texcoco, na região da atual Cidade do México. O lago, no entanto, não existe mais, pois foi drenado à medida que a Cidade do México foi crescendo e desenvolvendo-se. O Império Asteca, como um todo, desenvolveu-se nessa região central do México.


Origens

Os astecas são considerados pelos historiadores herdeiros dos povos mexicas, e seu estabelecimento nas proximidades do vale do México remonta ao século XIII. Uma data importante, estabelecida como marco na história dos astecas, foi a fundação da cidade de Tenochtitlán – capital do Império Asteca.

A cidade de Tenochtitlán foi fundada em 1325, quando os mexicas/astecas estabeleceram-se em uma ilha localizada no meio do lago Texcoco. O estabelecimento dos astecas na região ocorreu a partir da construção de um templo de bambu no local, que foi escolhido pelos sacerdotes, que avistaram no local um presságio, um sinal enviado pelo próprio deus Huitzilopochtli (uma águia assentada em um cacto, segurando uma cobra).

Huitzilopochtli, deus asteca da guerra. Seu nome é traduzido como “Beija-flor do Sul” ou como “Beija-flor Azul”.
Huitzilopochtli, deus asteca da guerra. Seu nome é traduzido como “Beija-flor do Sul” ou como “Beija-flor Azul”.

Com a fundação de sua capital, os astecas começaram a desenvolver laços comerciais com as cidades vizinhas. Além disso, com o tempo, os astecas foram desenvolvendo uma força militar a partir da aliança de três cidades: Tenochtitlán, Texcoco e Tlacopan. A união das três cidades recebeu o nome de Tríplice Aliança.

As forças dessa tríplice aliança juntaram-se contra a cidade mais forte da região: Azcapotzalco. Essa cidade pertencia aos tepanecas (outro povo mesoamericano), que, em 1428, foram derrotados pelos astecas e seus aliados. O governante de Azcapotzalco foi sacrificado logo após a derrota de seu povo.

Após a vitória nessa guerra contra os tepanecas, a cidade de Tenochtitlán prosperou, conforme registro do historiador Nicholas J. Saunders:

A derrota de Azcapotzalco foi, assim, o momento crucial para os astecas, política, econômica e também simbolicamente. Tenochtitlán era o membro dominante da tríplice aliança, e logo suas ideias de conquista e tributos se espalharam pelo vale do México. Os astecas tornaram-se mais abertamente imperiais, desenvolveram uma ideologia que viu uma explosão de cerimônias públicas espetaculares, sistemas de aliança, tributo, grandes mitologias e arte sofisticada|1|.


Sociedade e economia

Os astecas formaram, em seu momento de maior prosperidade, um império muito grande, que possuía uma população de aproximadamente 11 milhões de pessoas|2|. Os astecas exerciam um forte domínio sobre os povos vizinhos, exigindo-lhes tributos que deveriam ser pagos em itens de importância local. Os astecas também demandavam uma certa quantia de prisioneiros para serem sacrificados em homenagens a seus deuses.

A sociedade asteca era uma sociedade estratificada, portanto, dividida em classes sociais. O topo da sociedade era ocupado pelo imperador, chamado pelos astecas de Huey Tlatoani. Os astecas consideravam seu imperador como uma reencarnação de Tezcatlipoca (um dos principais deuses do panteão asteca).

Abaixo do imperador, estava a classe que pode ser definida como nobreza, ou seja, pessoas que possuíam posições importantes na sociedade. Nela, incluem-se sacerdotes, funcionários do Estado e membros da família real. A nobreza ocupava cerca de 10% de todo o extrato social dos astecas, conforme estabeleceu Nicholas J. Saunders|3|.

Abaixo da nobreza, havia os cidadãos comuns, pessoas que se ocupavam de funções básicas e que não tinham grande prestígio. Essa classe era composta por comerciantes, artesãos e camponeses e constituía a maioria da sociedade asteca. Apesar da estratificação, havia mobilidade social, e cidadãos comuns poderiam alcançar posições de prestígio, caso realizassem algum feito.

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Por último, na base da sociedade, havia os escravos, conhecidos como tlacotin. Os escravos, na sociedade asteca, poderiam ser criminosos condenados ou pessoas que se vendiam à escravidão para pagar dívidas que haviam adquirido. Apesar da posição, era permitido ao escravo ter posses e até se casar.

Na economia, os astecas tiravam o essencial para sua sobrevivência da agricultura. O cultivo dos astecas era conhecido por sua prosperidade, pois produziam diversos itens agrícolas, como cenoura, pimenta, tomate, milho, etc. A riqueza da agricultura dos astecas era resultado das chinampas, ilhas artificias construídas nos canais do lago Texcoco que continham material orgânico retirado do fundo do lago.

Além do que era produzido na agricultura, os astecas alimentavam-se de carne de coelho, de peru e de uma raça de cachorro que existia naquela região. As classes mais ricas também alimentavam-se de ovos, larvas e chocolate.


Religião

A religião asteca era politeísta, portanto, os astecas acreditavam em mais de um deus. A religião asteca incorporou, em partes, elementos das religiões de outros povos mesoamericanos (como dos maias). Os principais deuses que compunham a religião dos astecas eram: Huitzilopochtli, Tlaloc, Quetzalcoatl e Tezcatlipoca.

Os deuses Huitzilopochtli e Tlaloc possuíam santuários específicos para cada um, no alto do Grande Templo. O altar do primeiro deus era vermelho, e o do segundo, verde. Huitzilopochtli era o deus asteca que representava a guerra tribal e era o responsável (na crença asteca) por ter conduzido os astecas ao vale do México.

Tlaloc era visto como o deus que trazia as chuvas e era responsável pelo crescimento das plantações. Quetzacoatl era considerado o deus responsável pelo aprendizado e inventor do calendário. Por fim, Tezcatlipoca era enxergado como o deus mais poderoso de todos, sendo o criador do sacrifício humano.

O sacrifício humano era uma característica forte da religião dos astecas e era realizado como forma de agradar aos deuses para que não fossem punidos. Acreditavam que, se os deuses estivessem satisfeitos, garantiriam boas colheitas e o brilho do sol. A maneira mais comum de sacrifício realizado era a retirada do coração humano.


Cultura

A cultura dos astecas, assim como todas as culturas da Mesoamérica, era resultado da fusão de elementos de diversos povos que habitavam aquela localidade. Assim, as características da cultura asteca agrupavam elementos dos maias, dos tepanecas, dos toltecas, dos mexicas (povo ao qual os astecas pertenciam), etc.

Dentro de sua cultura e visão de mundo, os astecas acreditavam que todos os seres do mundo, de uma certa forma, estavam repletos de força oriunda do mundo espiritual. Eles chamavam essa crença de teotl. Os astecas acreditavam que tudo, seja minerais, plantas, animais, montanhas, emanava do teotl.

Os astecas, como grande parte dos povos mesoamericanos, eram povos que tinham grande apreço pela astronomia. A partir desse conhecimento, os astecas desenvolveram dois calendários distintos, um usado no cotidiano e outro com importância religiosa. O de 365 dias era chamado de xiuhpohualli e era organizado em 365 dias, com 18 meses de 20 dias e mais 5 dias extras.

O calendário religioso era conhecido como tonalpohualli e possuía 260 dias, divididos em 13 meses de 20 dias. Ambos calendários possuíam uma conexão em que ambos produziam uma data específica diferente durante 52 anos. O final desse período era abordado pelos astecas de maneira muito cautelosa, mas seu recomeço era comemorado. Esse conhecimento da astronomia para os astecas era muito importante e regia a forma como viviam. Assim, eles tinham dias específicos para a realização de determinadas atividades.

A respeito da organização familiar dos astecas, podemos destacar que os nascimentos eram realizados por parteiras profissionais devotas à deusa da maternidade, chamada Chalchiuhtlicue. As crianças iam para escola em uma idade próxima dos 15 anos. Essa era a mesma idade em que a maioria das garotas casava-se. Os homens casavam-se por volta dos 20 anos. Os homens astecas poderiam casar-se com mais de uma mulher se fossem capazes de sustentar todas. O adultério era punido com a morte, para homens e mulheres.


Conquista dos astecas pelos espanhóis

A decadência dos astecas foi resultado direto da chegada dos espanhóis à região correspondente, atualmente, ao México. Existem indícios que mostram que os astecas já enfrentavam um certo enfraquecimento durante o reinado de Montezuma II, fruto das rebeliões organizadas pelos povos que eram dominados pelos astecas.

A conquista do povo asteca foi realizada pelos espanhóis liderados por Hernán Cortez em 1521. Os espanhóis haviam chegado à região em 1519 e, após dois anos, reuniram forças, atacaram Tenochtitlán e conquistaram a cidade, colocando, assim, fim ao Império Asteca. Após isso, os espanhóis estenderam seu domínio sobre os outros povos que habitavam a região.

|1| SAUNDERS, Nicholas J. Américas Antigas: as grandes civilizações. São Paulo: Madras, 2005, p. 106.
|2| Aztec Civilization. Para acessar, clique aqui [em inglês].
|3| SAUNDERS, Nicholas J. Américas Antigas: as grandes civilizações. São Paulo: Madras, 2005, p. 99.

Por: Daniel Neves Silva

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