Estado Islâmico

O Estado Islâmico é uma organização jihadista terrorista originada a partir de uma facção da Al-Qaeda.

Bandeira do Estado Islâmico.
Bandeira do Estado Islâmico.

O Estado Islâmico, também conhecido como ISIS ou ISIL, é uma organização jihadista extremista que surgiu após a invasão dos EUA no Iraque, originada a partir de uma facção da Al-Qaeda. Seus objetivos envolvem a criação de um califado global com base em uma interpretação rigorosa da Sharia (lei islâmica), a perseguição de governos considerados apóstatas e a promoção do conflito com o Ocidente.

Sua ideologia é caracterizada pelo takfirismo, busca pelo califado universal e ênfase na jihad global. A atuação do Estado Islâmico incluiu a conquista de territórios, atentados terroristas, recrutamento de estrangeiros, tráfico de seres humanos e destruição do patrimônio cultural. Atualmente, embora tenha perdido grande parte de seu território, o Estado Islâmico ainda representa uma ameaça por meio de ataques terroristas, recrutamento online e sua capacidade de inspirar extremismos em todo o mundo.

Leia também: O que é terrorismo?

Tópicos deste artigo

Resumo sobre o Estado Islâmico

  • O Estado Islâmico, também conhecido como ISIS ou ISIL, é uma organização jihadista extremista que busca estabelecer um califado global baseado em sua interpretação radical da Sharia.
  • A origem e história do Estado Islâmico remontam ao caos pós-invasão dos EUA no Iraque, inicialmente como uma facção da Al-Qaeda que se transformou no EI sob a liderança de Abu Bakr al-Baghdadi.
  • Os objetivos do Estado Islâmico incluem a criação de um califado global, a imposição rígida da Sharia, a luta contra governos considerados apóstatas e a promoção do conflito com o Ocidente.
  • A ideologia do Estado Islâmico é caracterizada por seu takfirismo, busca pelo califado universal, implementação rigorosa da Sharia e ênfase na jihad global.
  • A atuação do Estado Islâmico envolveu a conquista de territórios, atentados terroristas, recrutamento de estrangeiros, tráfico de seres humanos e destruição de patrimônio cultural.
  • Atualmente, o Estado Islâmico perdeu grande parte de seu território, mas continua a representar uma ameaça por meio de ataques terroristas, recrutamento online e sua capacidade de inspirar extremismos em todo o mundo.

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O que é o Estado Islâmico?

O Estado Islâmico (EI), também conhecido como ISIS (Islamic State of Iraq and Syria) ou ISIL (Islamic State of Iraq and the Levant), é uma organização jihadista terrorista que surgiu na virada do século XXI. É importante ressaltar que o termo "Estado Islâmico" pode levar a equívocos, pois sugere a existência de um Estado reconhecido internacionalmente. No entanto, a entidade não é reconhecida como um Estado soberano e é frequentemente denominada como um grupo terrorista.

Origem e história do Estado Islâmico

O Estado Islâmico teve suas raízes no contexto da invasão do Iraque pelos Estados Unidos em 2003. Esse conflito levou à desestabilização do país e à criação de várias facções armadas. Entre elas, o grupo que viria a se tornar o Estado Islâmico teve início como uma ramificação da Al-Qaeda.

Inicialmente, o grupo era conhecido como "Al-Qaeda no Iraque" (AQI) e era liderado por Abu Musab al-Zarqawi. No entanto, a AQI só se transformaria no Estado Islâmico mais tarde, sob a liderança de Abu Bakr al-Baghdadi, que assumiu o comando em 2010. Em 2013, o grupo mudou de nome para Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIS/ISIL), refletindo sua ambição de se expandir para além das fronteiras do Iraque. Em 2014, o grupo anunciou a criação de um califado (um reino soberano, na cultura política árabe) e declarou Abu Bakr al-Baghdadi como o califa, líder máximo de todos os muçulmanos.

Os eventos que se seguiram foram marcados por uma rápida expansão do grupo, que conquistou vastos territórios no Iraque e na Síria, incluindo grandes cidades como Mosul e Raqqa. O Estado Islâmico impôs um regime autocrático em suas áreas controladas, com execuções públicas, escravidão sexual, perseguição religiosa e destruição de patrimônio cultural.

Militantes do Estado Islâmico, Iraque, 2006.[1]
Militantes do Estado Islâmico, Iraque, 2006.[1]

Objetivos do Estado Islâmico

Os objetivos do Estado Islâmico são enraizados em sua interpretação radical da lei islâmica, conhecida como Sharia. O grupo almeja estabelecer um califado mundial baseado em sua visão extremista do Islã, que se estende muito além dos territórios ocupados no Iraque e na Síria. Esse califado, segundo a ideologia do Estado Islâmico, seria governado de acordo com a sua interpretação estrita da Sharia.

Além disso, o Estado Islâmico busca a erradicação de todas as formas de governo e sistemas políticos que não estejam em conformidade com sua interpretação do Islã, incluindo democracias e regimes seculares. O grupo também visa à derrubada de governos que considera apóstatas, como aqueles na região do Oriente Médio.

Outro objetivo importante do Estado Islâmico é a promoção de um conflito entre o mundo islâmico e o Ocidente, particularmente os Estados Unidos. Isso é evidente em sua retórica e em ataques planejados ou realizados contra alvos ocidentais. A propaganda do grupo frequentemente enfatiza a ideia de que o Ocidente está em guerra com o Islã, visando recrutar jihadistas de todo o mundo muçulmano.

Leia também: Quais as origens do radicalismo islâmico?

Ideologia do Estado Islâmico

A ideologia do Estado Islâmico é baseada em uma interpretação extremista e considerada distorcida do Islã. Ela enfatiza a criação de um califado global, a implementação rigorosa da Sharia e a justificação da violência em nome da religião. Dentre os fundamentos dessa ideologia, destaca-se:

  1. Califado universal: o Estado Islâmico proclamou a restauração do califado, uma forma de governo que existiu historicamente no mundo muçulmano, sob o comando de Abu Bakr al-Baghdadi. Isso reflete a crença do grupo de que todos os muçulmanos devem ser leais ao califa como líder supremo.
  2. Implementação estrita da Sharia: o Estado Islâmico busca impor uma interpretação extremamente rígida da lei islâmica, que inclui punições cruéis, como amputações e apedrejamentos. Qualquer desvio dessa interpretação é considerado heresia.
  3. Takfirismo: o Estado Islâmico pratica o takfirismo, que é a prática de declarar muçulmanos que não seguem sua interpretação da religião como apóstatas. Isso justifica a perseguição de muçulmanos considerados impuros ou que colaboram com governos seculares.
  4. Jihad global: o grupo promove a jihad, a guerra motivada por razões religiosas, como um dever religioso, incluindo a realização de ataques contra alvos ocidentais e a promoção do conflito global entre o Islã e o Ocidente.
  5. Uso de propaganda: o Estado Islâmico utiliza extensivamente a propaganda para atrair simpatizantes e recrutas. Isso inclui vídeos de execuções chocantes, revistas online e presença em redes sociais.
Ataque do Estado Islâmico em tanque de guerra na Síria, 2017.[2]
Ataque do Estado Islâmico em tanque de guerra na Síria, 2017.[2]

Atuação do Estado Islâmico

A atuação do Estado Islâmico tem sido marcada por uma série de ações violentas, tanto em territórios que controla quanto em países ocidentais. Algumas das principais características de sua atuação incluem:

  1. Territórios controlados: o grupo, em seu auge, controlou vastos territórios no Iraque e na Síria, onde impôs sua versão brutal da lei islâmica. Isso incluiu a cobrança de impostos, a imposição de um sistema educacional extremista e o recrutamento forçado de crianças.
  2. Atentados terroristas: além de sua atuação nos territórios controlados, o Estado Islâmico reivindicou a responsabilidade por uma série de ataques terroristas em diferentes partes do mundo. Isso incluiu ataques em Paris (2015), Bruxelas (2016), Orlando (2016), Nice (2016) e muitos outros.
  3. Recrutamento de estrangeiros: o grupo tem atraído um grande número de combatentes estrangeiros, que viajaram para se juntar às suas fileiras. Isso gerou preocupações de segurança em vários países, à medida que esses combatentes retornaram a seus países de origem.
  4. Exploração de recursos: o Estado Islâmico se envolveu na exploração e venda ilegal de recursos naturais, como petróleo, para financiar suas atividades.
  5. Destruição de patrimônio cultural: o grupo ganhou notoriedade por destruir sítios arqueológicos e monumentos históricos, alegando que eles eram idólatras e contrários à sua interpretação da religião.
  6. Tráfico de seres humanos: o Estado Islâmico também se envolveu no tráfico de seres humanos, incluindo a escravidão sexual de mulheres.

Leia também: Talibã — grupo extremista e nacionalista que também prega a imposição da lei islâmica

Estado Islâmico na atualidade

Desde o seu auge, o Estado Islâmico enfrentou uma série de reveses. Uma coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos lançou uma campanha militar para combater o grupo, resultando na perda de grande parte do território que controlava no Iraque e na Síria. Em outubro de 2019, o líder do Estado Islâmico, Abu Bakr al-Baghdadi, foi morto em uma operação militar dos EUA.

Embora tenha perdido presença territorial significativa, o Estado Islâmico ainda não desapareceu completamente. O grupo se transformou em uma rede clandestina, continuando a realizar ataques terroristas em diferentes partes do mundo. Sua capacidade de recrutar combatentes estrangeiros também permanece como uma preocupação dos países democráticos ocidentais, especialmente à medida que tenta se reorganizar em novas áreas.

Além disso, o Estado Islâmico continua a explorar a propaganda online para inspirar ataques e recrutar simpatizantes. A internet desempenha um papel importante na disseminação de sua ideologia radical e na radicalização de indivíduos em todo o mundo. Portanto, o combate à presença online do grupo é um desafio contínuo.

Créditos das imagens

[1] Wikimedia Commons

[2] Wikimedia Commons

Fontes

FERNANDINO, C. C. C. A expansão do Estado Islâmico no Iraque e na Síria. Fronteira: revista de iniciação científica em Relações Internacionais, v. 16, n. 31, p. 7-27, 29 set. 2017.

PINTO, Kleber Couto. O Estado Islâmico Sob a Luz da Teoria Geral do Estado. Revista da EMERJ, disponível em: https://www.emerj.tjrj.jus.br/revistaemerj_online/edicoes/revista68/revista68.pdf#page=61

Por: Tiago Soares Campos

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