O despotismo esclarecido

Catarina II da Rússia e o despotismo esclarecido
Catarina II da Rússia e o despotismo esclarecido

Alguns soberanos europeus aderiram às ideias iluministas propagadas pelos filósofos franceses. Por compactuarem com os novos ideais iluministas e por procurarem, através dele, promover reformas sociais e modernizar os seus Estados, tais soberanos absolutistas foram denominados déspotas esclarecidos. Para esses monarcas, modernizar o Estado significava: ampliar e organizar a economia e a administração voltadas para o capitalismo industrial, efetuar reformas e determinar regras limitadas nas relações entre o Estado e a igreja, sem, contudo, perder o poder centralizador político. Os mais famosos déspotas esclarecidos foram:

Catarina II da Rússia, mais conhecida como Catarina, a Grande. Nasceu na Alemanha e casou-se com Pedro III da Rússia. Moralmente, Catarina II deixava muito a desejar, mas como administradora foi extraordinária. Ela fundou hospitais e escolas e aperfeiçoou a administração. Foi a continuadora da obra de modernização da Rússia iniciada por Pedro, o Grande. Erudita e apreciadora da cultura francesa, manteve correspondência com Voltaire, Diderot e D’Alembert, cujas ideias liberais possivelmente despertaram sua simpatia pelos camponeses, embora, muitas vezes, tomasse suas terras para dá-las a seus prediletos.

Frederico II da Prússia, filho de um monarca absoluto e ignorante, Frederico I, fez da Prússia o país mais bem organizado da Europa no período. Suprimiu a tortura dos malfeitores, fundou escolas essenciais, cujo ensino era obrigatório, desenvolveu a indústria e a agricultura. Sua corte era frequentada por famosos intelectuais, era admirador nato da cultura francesa e cultivava grande simpatia por Voltaire, a quem conhecia pessoalmente.

Na juventude, Frederico II foi um homem extremamente emotivo e completamente contrário ao militarismo exacerbado do pai. Mais tarde tornou-se representante da tradição militar dos junkers (nobreza prussiana caracterizada pelo seu acentuado militarismo), organizando um dos maiores exércitos da época e tomando a Silésia da Áustria (governada nessa época por Maria Tereza), como também grande parte da Polônia.

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José II da Áustria, dentre os demais déspotas esclarecidos, foi, talvez, aquele que mais se aproximou da essência das reformas de caráter iluminista, pois libertou os servos, deu igualdade a todos perante a lei e liberou igualmente o culto das variadas religiões que existiam em seu país.

D. José I, o Marquês de Pombal, foi ministro de Portugal, e nos vinte e sete anos de sua administração governou Portugal como se fosse um verdadeiro monarca. Reorganizou o exército, a administração e a educação pública, saneou as finanças e proibiu a exportação de ouro para a Inglaterra. A administração de Pombal teve expressivas transformações no Brasil colônia, destacando a transferência da capital da Bahia para o Rio de Janeiro. Perseguiu os jesuítas no Brasil da mesma forma que o fez em Portugal, fato que trouxe muitas perdas ao ensino escolar brasileiro, pois os jesuítas eram os grandes responsáveis pela educação da colônia, atuavam entre os ameríndios e mantinham colégios de qualidade na cidade.

Quanto às reformas baseadas nos princípios iluministas, muitas foram realizadas, mas a teoria estava muito longe da prática. Existia, portanto, uma grande distância entre o que o Iluminismo concebia e o que realmente foi implantado no Estado governado pelos déspotas esclarecidos.

Por: Lilian Maria Martins de Aguiar

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