História em quadrinhos

A história em quadrinhos é uma modalidade textual artística composta por uma narrativa e organizada a partir de linguagem híbrida (verbal e não verbal).

Atualmente, as histórias em quadrinhos são sucesso em diversas faixas etárias.
Atualmente, as histórias em quadrinhos são sucesso em diversas faixas etárias.

 A história em quadrinhos é um gênero textual híbrido que mescla elementos de linguagem verbal (escrita) e elementos de linguagem não verbal (imagens). Os quadrinhos se popularizaram com o advento da imprensa. Recentemente, as adaptações cinematográficas de super-heróis colocaram o gênero em destaque novamente.

Leia também: Quais são as características presentes na linguagem teatral?

Tópicos deste artigo

Resumo sobre história em quadrinhos

  • A história em quadrinhos (HQ) é um gênero textual híbrido que utiliza textos verbais e não verbais.

  • A HQ é considerada uma das mais recentes manifestações artísticas, chamada de nona arte ou arte sequencial.

  • Os quadrinhos são caracterizados pela presença dos seguintes elementos: balão, figura, onomatopeia, elipse ou sarjeta, página e narrativa.

  • Podem ser classificados quanto à sua estrutura e linguagem (cartum, charge, tira, webtoon, quadrinhos orientais) e quanto à sua narrativa (humor, drama, ação, terror, romance histórico).

  • Tiveram seus primórdios nas narrativas sequenciais produzidas por povos antigos, como os egípcios e os pré-colombianos.

  • As HQs se popularizaram por todo o mundo, e hoje temos acesso a milhares de produções internacionais.

  • Com o advento das novas tecnologias, o Brasil passou a conhecer uma diversidade de talentos que produzem quadrinhos no país.

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O que é história em quadrinhos?

História em quadrinhos (ou, de maneira abreviada, HQ), de acordo com o desenhista e pesquisador Scott McCloud, é um gênero textual formado por um conjunto de imagens pintadas colocadas lado a lado em uma sequência intencional.

Assim, a história em quadrinhos compreende uma série de quadros estáticos que dão uma ideia de continuação. O nome em português faz referência justamente a essa característica (quadro a quadro) das HQs.

Além disso, a história em quadrinhos apresenta uma natureza mista, por misturar linguagem verbal (escrita) com linguagem não verbal (imagens). A escrita aparece nos chamados balões, responsáveis por marcar a fala das personagens ou desenvolver uma narrativa.

Os quadrinhos são legitimados hoje como arte, sendo atribuído a eles o título de nona arte ou arte sequencial. Assim, as HQs se juntam a outras manifestações artísticas, como música, artes cênicas, pintura, literatura, arquitetura, cinema, televisão, videogames e arte digital.

Características da história em quadrinhos

Os quadrinhos são caracterizados pelos seguintes elementos:

  • Balão de diálogo: Conecta as personagens da história às falas. Assim, é um elemento importante na narrativa por representar, de maneira visual, o discurso direto das personagens. Ele pode ser caracterizado de diversas formas, cores e tamanhos, mas mantém sua função de ‘fala direta’.

  • Figura: Maneira como as personagens são representadas imageticamente. Elas são apresentadas de forma estática, mas dão ideia de movimento e continuidade — diferenciando-se, por exemplo, da fotografia. Nos quadrinhos, a figura passa uma ideia de ação constante, e o leitor precisa visualizar a continuidade.

  • Onomatopeia: Trata-se de uma combinação sonora com a estética visual, marca importante dos quadrinhos. As onomatopeias não só reproduzem barulhos e sons como demonstram visualmente a intensidade desses ruídos. Por ter sido popularizada nos Estados Unidos, é comum que a onomatopeia seja expressa em língua inglesa (splash, flash, boom etc).

  • Elipse ou sarjeta: É o espaço vazio entre os quadros. Ela atribui uma posição ativa ao leitor, cabendo a ele imaginar os acontecimentos subsequentes. É uma das principais e mais importantes características da história em quadrinhos.

  • Página: As HQs se organizam em páginas, de modo que os quadros se dispõem, e sua leitura funciona, no Ocidente, da esquerda para a direita, e no Oriente, em mangás e em alguns manhuas, da direita para a esquerda.

  • Interação icônico-verbal: Relação híbrida entre texto verbal e texto não verbal.

  • Narrativa: Nas HQs prevalece a tipologia textual narrativa. Assim, os quadrinhos se estruturam, textualmente, por meio dos princípios básicos da narração (apresentação das personagens, complicações, clímax e desfecho, não necessariamente nessa ordem).

Tipos de história em quadrinhos

As histórias em quadrinhos podem ser classificadas de duas formas distintas.

→ Estrutura e linguagem

Os quadrinhos podem ter variações de estilo e de estrutura, apresentando subgêneros.

  • Cartum: HQ voltada para a crítica através do humor. Geralmente, apresenta quadro único e pode ou não ter diálogos. Sua crítica é de caráter atemporal, podendo ser compreendida em diversos períodos históricos. Assim, um leitor que ver um cartum de alguns anos atrás pode compreender seu significado sem maiores informações.

  • Charge: Subgênero que contém finalidade crítica e utiliza o humor como fonte de produção de sentido. Porém, de forma distinta do cartum, é um texto que precisa de contextualização para ser compreendido. A charge geralmente trata de questões políticas específicas de uma época e exige do leitor conhecimento sobre a situação exposta.

  • Tira: História em quadrinhos curta, geralmente publicada em páginas de jornais, podendo ser de humor, ação, drama ou dos demais gêneros. Tem como característica fazer com que o leitor imagine a sequência dos acontecimentos. Exige maior envolvimento do público, pois o efeito de sentido geralmente é apresentado de maneira incompleta.

  • Webtoon: Tipo de HQ dedicada ao ambiente digital, muito comum na Coreia do Sul. Sua estrutura usufrui de recursos tecnológicos, exibindo quadros grandes, coloridos e bem espaçados e contando com o uso da barra de rolagem do navegador, portanto representada comumente de maneira vertical.

  • Quadrinhos orientais: São um grande grupo de HQs publicadas na Coreia do Sul (manhwa), China (manhuas) e Japão (mangás). O mangá é lido da direita para a esquerda e possui algumas características estéticas específicas, como a presença de personagens de forte expressividade, principalmente com olhos grandes, e cenários ultrarrealistas.

    Os manhwas se apropriam de algumas características básicas dos mangás, como a forma das personagens e cenários, mas suas histórias se direcionam narrativamente para o drama (dorama) e a ação. O manhua apresenta traços menos exagerados do que seus pares orientais, e suas histórias geralmente abordam eventos históricos relevantes, como grandes conquistas.

→ Narrativa

As histórias em quadrinhos apresentam uma diversidade de gêneros narrativos. Elas podem ser dedicadas às conhecidas histórias de super-heróis (Superman, Batman, Homem-aranha, Hulk), narrar um drama (Azul é a cor mais quente), adaptar obras literárias (O alienista, Sonho de uma noite de verão), contar histórias infantis ou de cunho humorístico (Turma da Mônica, Pato Donald) etc.

Os quadrinhos, assim como o cinema e a literatura, abrangem uma série de gêneros narrativos, tais como:

  • ação;

  • drama;

  • terror;

  • humor;

  • investigação e suspense;

  • fantasia;

  • realismo;

  • narrativas históricas.

Saiba também: Cinema brasileiro — importante manifestação artística iniciada em 1897

De onde vem a história em quadrinhos?

Os pesquisadores McCloud e Bibe-Luyten apontam uma série de manuscritos e imagens pré-históricas como os primórdios da narrativa em sequência. Garras de jaguatirica é um manuscrito em imagem pré-colombiano, desenvolvido em 1519, no qual são percebidas características que viriam a ser aproveitadas pelas HQs atualmente. Uma série de imagens justapostas deliberadamente é utilizada para contar os acontecimentos de uma guerra que marcou os povos pré-colombianos.

A pintura egípcia é outra representação dos primórdios das histórias em quadrinhos, com uma série de imagens sucessivas que contêm narrativas sobre a nação do Egito Antigo. Porém, conforme afirma Bibe-Luyten, o considerado “pai dos quadrinhos modernos” é o suíço Rudolf Töpffer. Ele iniciou uma série de histórias satíricas com imagens, por volta do século XIX, e apresentou a combinação que melhor caracteriza as HQs na atualidade: a presença de palavras e figuras simultaneamente.

História em quadrinhos pelo mundo

As histórias em quadrinhos se desenvolveram por todo o mundo ganhando características próprias de cada local. Como vimos, o Oriente possui um jeito próprio de produzir e até mesmo de ler as HQs. Além disso, a nomenclatura das HQs é muitas vezes associada a uma característica marcante do gênero. Na Itália, por exemplo, o nome dos quadrinhos é fumetti, fazendo referência aos balões de fala.

Nesse contexto, produções de diversos países ganharam destaque mundial. Na Argentina, há a famosa Mafalda, entre os quadrinhos franco-belgas se destacam As aventuras de Tintim e Asterix e no Japão são populares os mangás Dragon Ball e o recente Jujutsu Kaisen. Há pouco tempo, o webtoon Tower of God ganhou destaque internacional, e foi feita sua adaptação em anime para serviços de streaming.

Atualmente, várias HQs vêm ganhando destaque em outras mídias. O cinema de Hollywood fez diversas adaptações de quadrinhos, tais como Batman, Homem-aranha, Vingadores etc. Além de quadrinhos do mundo mainstream, algumas histórias desconhecidas do público em geral, como Azul é a cor mais quente, ganharam adaptações cinematográficas. O diálogo entre cinema e quadrinhos tem promovido e ampliado o gosto e aceitação das HQs.

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História em quadrinhos no Brasil

O Brasil tem um histórico de boa aceitação das histórias em quadrinhos. Elas foram popularizadas principalmente com a chegada de produções infantis ao país, sendo a principal delas a revista Pato Donald. Hoje, o Brasil possui diversos materiais advindos de diferentes localidades, desde produções latinas a histórias em quadrinhos orientais.

Além da presença de conteúdos de toda parte do mundo, o mercado de quadrinhos nacional possui vasta produção própria. O Brasil conta com uma extensa série de HQs infantis, adaptações de obras clássicas da literatura, romances históricos, cartuns e charges em jornais e revistas, histórias de terror, aventura e ação, dentre outras, sendo impossível não citar a Turma da Mônica.

O advento das novas tecnologias, principalmente a “era das redes sociais”, possibilitou que autores talentosos e independentes conseguissem divulgar e popularizar suas obras. Dentre os nomes que vêm se destacando nessa nova era, há os quadrinistas Will Leite, com publicações de tiras de humor, Rafael Grampá e os gêmeos desenhistas Fábio Moon e Gabriel Bá. 

Por: Rafael Camargo de Oliveira

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