Pronome oblíquo átono no início da oração

Utilizar o pronome oblíquo átono no início da oração subverte a norma culta da língua, mas não causa prejuízos quando o assunto é a oralidade.

O pronome oblíquo átono não deve ser empregado no início de uma oração, sobretudo na norma culta da língua
O pronome oblíquo átono não deve ser empregado no início de uma oração, sobretudo na norma culta da língua

Uma perguntinha para você: É correto iniciar uma oração com um pronome oblíquo átono?

A resposta é simples: não, pelo menos não nos textos escritos que pretendem adequar-se à norma culta da língua. Na oralidade e nos gêneros literários, o pronome oblíquo átono no início da oração está liberado. Quer entender mais sobre essa questão? O Alunos Online vai explicar essa história direitinho para você.

Para começo de conversa, que tal relembramos o que são e para que servem os pronomes oblíquos?

Os pronomes oblíquos átonos, assim como os tônicos, derivam dos pronomes pessoais, que na oração são responsáveis por designar uma das pessoas do discurso. Os pronomes oblíquos átonos exercem uma função sintática específica, atuando como complemento de um verbo. Observe quais são os pronomes oblíquos átonos, ou seja, aqueles usados sem preposição, no quadro abaixo:

Na oralidade, é muito comum empregarmos o pronome oblíquo átono no início da oração em sentenças como te amo, te ligo, te falo, te busco mais tarde, te telefono, te peguei etc. Todos esses exemplos subvertem a regra, pois não se pode começar frase com pronome oblíquo átono. Esses pronomes, principalmente nos textos escritos, devem ser colocados antes do verbo somente quando houver uma palavra atrativa:

•advérbio: "Amanhã lhe buscarei.";

pronomes indefinidos: "Alguém lhe chamou.";

pronomes relativos: "O rapaz que me telefonou é irmão do meu amigo.";

pronomes interrogativos: "Quem me telefonou?";

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pronomes demonstrativos neutros: "Isso me interessa.";

conjunções subordinativas: "Embora me tenha chamado, não a responderei."

Também devem ser assim empregados nas seguintes situações:

1. Em frases exclamativas ou optativas:

Quantas injustiças se cometeram naquele tribunal!

Deus te pague, minha filha!

2. Em frases com preposição “em” seguida de verbo no gerúndio:

Em se tratando de religião, o Brasil é um país laico.

Em se estudando psicologia, não se esqueça de Sigmund Freud.

3. Em frases com preposição + infinitivo flexionado:

Ao nos posicionarmos favoráveis ao aborto, contrariamos a Igreja Católica.

Ao se referirem ao professor, fizeram-no com deferência.

4. Quando houver duas palavras atrativas, o pronome oblíquo átono poderá ficar após as duas palavras ou entre elas:

Se me não quer mais, fale-me.

ou

Se não me quer mais, fala-me.

Nós sabemos que, a despeito de todas as normas apresentadas acima, os pronomes oblíquos átonos quando empregados no início da oração colaboram com a sua expressividade. Caso você fique em dúvida ou até mesmo ache estranho o uso da ênclise (é preciso ficar atento à colocação pronominal) nessas situações, você pode fazer pequenas adaptações que deixem seu texto menos formal, mas ainda de acordo com a norma culta da língua. Observe:

Peguei-te: peguei você.

Chamei-te: chamei você.

Disse-te: Disse a você.

Amo-te: Amo você.

Bons estudos!

Por: Luana Castro Alves Perez

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